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Adeus pro Nonato, o que não queria ser Raimundo, como eu...


Por Raimundo de Holanda

13/09/2020 5h34 — em
Bastidores da Política



A morte tem estado tão  presente e ameaçadora que um nome no obituário  é apenas um nome. "Ah, é ele ?”.  Neste caso um nome conhecido - Raimundo - como eu, solto no mundo, como se não tivesse mais de 70 anos. Raimundo, ele praticamente apagou para os amigos.  Mas não se é Nonato sem ter sido Raimundo. Certa vez, conversando sobre o "Poema  de Sete Faces", me indagou o que o “porra” do Drumond  tinha contra os  Raimundos . Um poema tão  bonito, estragado em uma estrofe. Um poema  sensual para aqueles tempos: 

"As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos..
."

E aí aquele encerramento com uma desfeita com os Raimundos. Isso nos indignava:

"Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.”
 

Coisa para a qual nunca encontramos uma explicação, não que aceitássemos...

Raimundo, para Nonato, morria ali…

Sentia-se um moleque de 15, até duas semanas atrás, quando resolveu  que enfrentaria  a Covid e perdeu essa batalha, como tantas que travou…

Sua “viagem” neste  sábado surpreendeu os amigos e calou muitas vozes  que o aplaudiam. Nonato deixa um legado, uma biografia, uma história. É pouco para quem tinha sede de viver, paixão pela política e um inexplicável xamego por  Iranduba.  

 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.