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Despreparo permitiu avanço da Covid-19 no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

22/04/2020 19h52 — em
Bastidores da Política



O avanço da Covid 19 em Manaus e no Estado do Amazonas era esperado. Como era esperado  o colapso da rede pública de saúde. Isso aconteceu na Europa, está acontecendo nos Estados Unidos e em toda a América Latina.

O que não se esperava era essa incapacidade de os governos se comunicarem com a sociedade. Não terem montado uma estratégia, feito um planejamento para atendimento domiciliar de pessoas infectadas e que poderiam ser tratadas em casa, sob supervisão médica.

O que não se esperava era que ações dos governos, que deveriam ser canalizadas para despertar a conscientização  do problema e dos cuidados que a população deveria ter,   acabassem disseminando pânico, histeria e um acirramento político que empurra  a sociedade para mais uma crise.

O que esta espalhando pânico na população é o desespero das autoridades, revelado em cada entrevista, em cada live que fazem em suas redes sociais. Essa incapacidade  de apresentar alternativas de tratamento para a Covid-19.

Passou o tempo de vender dificuldades, de responsabilizar terceiros.  É preciso encontrar caminhos, mostrar que existe esperança no fim do túnel.

EM TEMPO: Por ações isoladas de uns poucos profissionais de saúde, alguns pacientes foram  curados em casa, sem precisarem ocupar um leito de hospital. E pacientes que tinham forte tosse, febre alta, dor GENERALIZADA e falta de ar. Nos hospitais, seriam entubados e as chances de recuperação seria pequena.

NINGUÉM É MAIS ANÔNIMO

Ninguém mais é anônimo, ninguém morre sozinho. A informação não vem mais das grande redes de comunicação, obsoletas, engolidas pela popularização dos aplicativos de celular. Todo um avanço da comunicação,  que também isolou os governos e expôs suas feridas.

O caso da  auxiliar de enfermagem que gravou um vídeo denunciando que o pai, vitima de covid 19, precisava ser internado é o exemplo mais recente. Logo foi vista por milhares de pessoas, logo as portas de um hospital se abriram.

O que os governos precisam entender é que não controlam mais a informação. Que os grandes meios de comunicação vivem um dilema: Primeiro vendem a ideia de que todas as outras informações que não partem deles é FAKE. Mas esquecem do FATO de que estão perdendo a importância e o espaço que tinham na sociedade. Os tempos mudaram. E isso é FATO.

A VELHA ESCOLA DO MINISTRO

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich inicia sua gestão falando em números de ‘extermínio’. Para ele, 70% da população do país, 148 milhões de pessoas, precisam se imunizar no contato direto com o coronavírus. Nessa linha, à  taxa de mortalidade de 6,4% atual, 9,47 milhões morreriam.

Teich não fala muito de saúde, mas demonstra que vem da velha escola da retórica política, onde falar de números caía bem em qualquer discurso. Não havia Google nem smartphone.

Para isso, o presidente Bolsonaro colocou ao lado do ministro o general da ativa do Exército Eduardo Pazuello, que segundo ele é um militar experiente e competente em gestão logística.

Aproveitando a crise da COVID-19, Bolsonaro coloca o Ministério da Saúde na linha dura tão almejada por seu governo. É para garantir que o povo não fuja da imunização compulsória.

Pode ser que nos próximos meses a população seja obrigada a sair às ruas para ‘encarar’ o coronavírus, empurrada pela Força Nacional de Segurança, ou por tropas militares vigilantes.

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ASSUNTOS: Amazonas, Bolsonaro, COVID-19, OMS, prefeito de Manaus, wilson lima, Coronavírus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.