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A direita é exibida e menos perigosa. A esquerda é inteligente e perigosa


Por Raimundo de Holanda

16/01/2023 19h55 — em
Bastidores da Política



Não há uma direita exclusivamente  extremista. Há, nesse grupo, os que pensam e ponderam. Nem há uma esquerda essencialmente democrática no Brasil. Há os que conspiram e, no poder, aguardam o momento adequado para agir. A esquerda é mais perigosa por ser mais inteligente: não faz self, não mostra a cara - embora saibamos os caras que estão no centro das decisões -  nem  revela seus atos, nem abre a guarda nas redes sociais. Age nas  sombras. Em algum momento um golpe será dado na democracia, com a diferença de que a tendência é ser mais eficiente.

No momento, há abusos de todos os lados, alguns oficiais, como os inquéritos abertos pelo STF, as prisões de  milhares de pessoas, a dificuldade de fazer uma triagem de quem participava pacificamente de protestos na praça dos três poderes e os que vandalizaram as sedes do STF, do Senado e do governo federal.

As decisões monocráticas que restringem direta e indiretamente a liberdade do indivíduo, uma garantia constitucional, precisam acabar, pois estão levando o País a reduzir sua confiança na Suprema Corte. Um ministro não é Deus. E torna-se menor ainda  quando fala fora dos autos e se coloca numa  posição que não é dele. Como o ministro Alexandre de Moraes pode dizer :

"A democracia brasileira não irá mais suportar a ignóbil politica de apaziguamento, cujo fracasso foi amplamente demonstrado na tentativa de acordo do então primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain com Adolf Hitler”?

Ora, esse discurso foi sequestrado do presidente. Era Lula quem deveria dizer se era razoável o apaziguamento, não um ministro do STF encarregado de julgar casos relativos ao badernaço  de Brasília. Isso, por si só, já era motivo suficiente para o colegiado do Supremo afastar Moraes do caso.

O brasileiro rejeita o autoritarismo - mas os atos que estamos apoiando em defesa da democracia também carregam um componente autoritário. Não vê quem não quer. O risco  é esse modelo se perpetuar, ameaçando governos e solapando o que argumenta defender: a democracia.

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ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, Esquerda, extrema direita, Lula, STF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.