Compartilhe este texto

Há ódio na opinião pública. E o Judiciário, como está agindo?


Por Raimundo de Holanda

02/03/2019 23h57 — em
Bastidores da Política



De repente, uma entrevista que parecia corriqueira ao Anuário da Justiça Brasil 2019,   o  ministro do STJ, Antonio Saldanha Palheiro, enxerga que há  ódio  na opinião pública, contaminando o Judiciário, e que a tarefa desse Poder  é outra: “A sociedade não tem a percepção técnica de cada processo. Ela sabe o seguinte: ele é corrupto (…) eu quero vê-lo preso, porque esse cara tirou dinheiro do meu hospital(…) da escola dos meus filhos”. Para o ministro “a sociedade tem essa vertente, que ele acha “legítima”, mas defende que cabe ao  Judiciário trazer isso para o   parâmetro da legalidade. “Porque toda cruzada messiânica ao longo da história deixou um rastro de sangue de inocentes”.

O ministro vai longe na entrevista, mas fica claro que acende uma luz que se apagou na justiça brasileira.

O que segue é nossa interpretação da entrevista.  O juizo moral que as pessoas fazem dos outros não  é o que elas fazem de  si mesmas ao se olhar no espelho.

O melhor exemplo para o caso atual - um paralelo entre os acusados de corrupção e os acusadores - é a família Bolsonaro.  Escândalos começam a pipocar, mas os “meninos” não se cansam de utilizar as redes sociais para acusar outras pessoas.

Voltando à entrevista do ministro, é importante citar que, ao responder a uma das perguntas do Conjur sobre  crimes violentos ou não, ele diz: “Certos crimes, nesse momento, geram muita revolta social: crimes do colarinho branco, crimes contra a administração pública, e a gente vai ter que encontrar alternativas. Você tem mecanismos para evitar que eles pratiquem os seus delitos sem precisar, necessariamente, manter encarcerados a longo prazo. Se você bloqueia a conta bancária, tira o passaporte, bloqueia o cartão, afasta da administração pública, ele não tem como fazer mal a mais ninguém.”

Pois é, fica a lição, inclusive para o Ministério Público, o dedo acusador no momento inquisidor e de delações, algumas sem provas, que vive o País.

Siga-nos no

ASSUNTOS: Lava jato-Lula-PT-Bolsonaro-Inquisição-delações-prisões-corrupção

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.