Moro contribuiu para desidratar a Lava Jato
As manifestações pró-Lava Jato em 15 capitais brasileiras neste domingo chamaram a atenção pelo apoio daquele que foi a espinha dorsal da operação e seu maior “desfalque”: o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro. O desmonte da "República de Curitiba", assim chamada pelo ministro Gilmar Mendes, começou com um conto de vigário - Moro teria superpoderes no Ministério da Justiça e ocuparia a primeira vaga a ser aberta no STF. Com essa história Bolsonaro atraiu o então juiz para compor o seu governo.
Moro, segundo vazamentos de conversas entre membros da operação, reveladas pelo site The Intercept Brasil, dava ordens a procuradores e montava estratégias de atuação.Era, portanto, peça-chave na Lava Jato.
Deltan Martinazzo Dallagnol, o menino prodígio de Curitiba, nunca teve a expertise a ele atribuída. Mas sabia utilizar as redes sociais para atrair a opinião pública. Era o garoto esperto, no lugar certo, cumprindo ordens.
O apoio popular a Lava Jato não é menor hoje, quando ela encolhe, do que há dez meses. Mesmo com a oposição do atual procurador Augusto Aras, a Lava Jato ainda seria grande se um Juiz parcial lhe desse suporte, fazendo o trabalho dos acusadores.
O mérito da Lava Jato até este momento no qual ela definha, não é de Deltan, nem de outros procuradores da República É do ex-juiz Sérgio Moro.
Seu desmonte não é culpa de Bolsonaro, nem de Augusto Aras, é de Sérgio Sérgio Moro. Pela simples razão de que, sendo 'o órgão estatal encarregado de exercer a ação penal pública', o poder do Ministério Público cessa ou avança nas mãos de um juiz. Quanto mais parcial o magistrado for, mais essas ações ganham espaço e notoriedade. O problema é que seu resultado nem sempre é a justiça.
Mais uma vez fica claro que o poder do Ministério Público é limitado, mas o poder de um juiz, não.
Mesmo essa manifestação de Moro, pró-Lava Jato neste domingo, revela que ele, como juiz, foi parcial. Falta-lhe, agora, que deixou a magistratura, ao menos o bom senso de ficar em silêncio.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.