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Moro é vitima a um só tempo da verdade e da vaidade excessiva


Por Raimundo de Holanda

25/06/2019 19h58 — em
Bastidores da Política



 

Saiba porque não libertaram Lula - Moro, o juiz, aparece nesse cenário brasileiro como uma pedra de gelo a ser decifrada. Se não derreter logo, se dirá dele o que foi dito  da esfinge no Mito de Édipo...

A verdade sempre esteve escondida dentro de cada um de  nós, seja nas nossas omissões, seja na nossa  cumplicidade  diária  com o erro. E é curioso que a primeira indagação sobre a verdade tenha sido feita pelo  quinto prefeito da Judeia a um homem inocente, mas acusado  de sonegar impostos e se voltar contra  as leis judaicas.  Isso há mais de dois mil anos. E parece tão atual… Ainda ecoa: o “que é a verdade?”, frase de Pilatos antes de lavar as mãos.

A idéia aqui  não é comparar  Moro a Pilatos. Afinal, Pilatos sabia da inocência do acusado. Já Moro, mesmo na condição de juiz, buscava provas contra outro acusado, não tão inocente, mas vítima de um juízo incompetente e parcial.  A questão é mais uma vez a verdade e o lugar que ela ocupa em nós e porque a negamos.

Moro aparece nesse cenário brasileiro como uma pedra de gelo a ser decifrada. Se não derreter logo, se dirá dele o que foi dito  da esfinge no Mito de Édipo. Que era preciso decifrá-lo ou ele devoraria tudo ao redor. Aqui seria  invocada a opinião pública, que envaidece e destrói. Depois o The Intercept para derreter sua coluna e melar  o chão de espumas extraídas de sua vaidade excessiva.

Mas o que é a verdade?  Ora, seu brilho não permite que ela seja escondida por tanto tempo. É o que está acontecendo agora, de forma muito clara e que somente a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal não viu em sua sessão desta terça-feira.

Os  procuradores e Moro disseram de Lula algumas  verdades,  e usaram todo o poder do sistema  para destruí-lo. E isso tem ficado muito claro nos últimos dias.

Moro, nas inquirições no Senado, falou a verdade escondida, sem querer dizê-la, mas na ponta dos dedos,  para lembrar Sigmund Freud,  ou o reverso, para repetir o  sociólogo Eduardo Viveiros de Castro, em outro contexto, mas aqui, que  ele nos desculpe pela apropriação  da frase, para expressarmos o inconformismo com a decisão da Segunda Turma do STF ao julgar o caso Lula:  “ainda que eles não possam impedir que a verdade seja revelada, eles podem fazer com que ela tenha pouca ou nenhuma consequência”...  

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ASSUNTOS: Bolsonaro, deltan dalagnol, lavjato, lula, SÉRIO MORO, STF, The Intercept Brasil

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.