O crime organizado por trás das invasões em Manaus
O processo de invasão de terras recomeçou forte em vários pontos de Manaus. E desta vez de forma organizada, financiada pelo tráfico - que procura ocupar espaços cada vez maiores na cidade. Da Colônia Antônio Aleixo ao Tarumã, o que se vê é o surgimento de barracos, a maioria em área de risco. Mas se o crime organizado estende seus tentáculos sobre a área urbana, com seu projeto de poder claramente identificado pelas autoridades, as invasões também favorecem grupos políticos que afinal acabam se tornando cúmplices de crimes contra o meio ambiente e o patrimônio público. E não somente isso. Essa expansão desordenada, do ponto de vista urbano, resulta em problemas que tornam a cidade inadministrável.
Foto: Pedro Braga J4. Invasão Santa Etelvina - Viver Melhor
Reclamar do quê, se as invasões transformaram Manaus em uma grande favela, que se expande horizontalmente, destruindo o verde, soterrando nascentes de igarapés, poluindo rios, consumindo recursos públicos, gerando demandas tamanhas que os governantes já não conseguem atender.
O preço vai para a conta do contribuinte a cada chuva, com bueiros entupidos pelo lixo jogado por quem? Pelo poder público ? Não. Pelos próprios habitantes da cidade, que jogam garrafas pet até dos próprios carros no meio das ruas, e alimentam lixeiras clandestinas ao longo das estradas.
Foto: Pedro Braga Jr Invasão Colônia Antônio Aleixo
Culpar mais quem? Em parte os políticos; em parte a igreja católica - que fez avançar algumas invasões nos últimos 60 anos; em parte a população que foi conivente, em parte a imprensa que sempre viu na repressão as invasões uma violação do ‘direito à moradia’. E o que ficou de tudo isso? Uma terra arrasada, uma cidade -favela difícil de governar.
Foto: Pedro Braga Jr Invasão Cidade das Luzes - Tarumã
Ao longo dos últimos 60 anos, a população de Manaus cresceu pelo menos 12 vezes; saltou de 171.343 habitantes em 1960 para 1.802.525 habitantes em 2010 e 2,15 milhões atualmente. E com ela cresceu o crime, que agora tenta se apossar de alguns bolsões de pobreza e fazer o papel que irmã Helena fazia há 20 anos, só que agora com objetivos sombrios. É hora de colocar um freio nisso.
ASSUNTOS: invasões em Manaus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.