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Os flanelinhas de Manaus são criminosos?


Por Raimundo de Holanda

24/04/2024 20h43 — em
Bastidores da Política


  • É verdade que os preços cobrados pelos flanelinhas são altos, mas isso não autoriza ninguém a chamá-los de criminosos. Bandidos são os que, Brasil afora, fatiam secretarias e praticam um tipo de extorsão que alimenta a corrupção e revela o desprezo da classe política pelos cidadãos

É compreensível a reação do deputado Ednailson Leite Rozenha com a ação de alguns flanelinhas nas ruas de Manaus. Mas chamá-los de "bandidos" é generalizar e colocar no mesmo balaio pessoas honestas, que buscam meios de levar o sustento para casa. 

Numa cidade onde há crescente desemprego e aumento progressivo do número de moradores de rua, a busca pela sobrevivência passa a ser um direito básico, fundamental, que se incomoda o deputado e a elite  que vai a shows e quer espaço para estacionar o carro, mas não aciona o poder público para construir estacionamentos e disponibilizar  segurança, a presença dos flanelinhas é a antítese da ausência do poder público.

Por enquanto, são eles, desdentados, famintos, cidadãos sem emprego, sem casa e sem esperança. Depois virão as milícias e o crime organizado com tentáculos na política, na polícia e nos órgãos de controle. Ou o esforço desses grupos não seria ostensivo no sentido de que seus soldados, formados em direito, participem de concursos públicos para infectar o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 

É com esse problema, gravíssimo, que o deputado deveria se preocupar.

É verdade que os preços cobrados pelos flanelinhas são altos, mas isso não autoriza ninguém a chamá-los de criminosos. Bandidos são os que, Brasil afora, fatiam secretarias e praticam um tipo de extorsão que alimenta a corrupção e revela o desprezo da classe política pelos cidadãos.
 

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ASSUNTOS: Amazonas, Crime Organizado, flanelinhas, Manaus, milícias, Rozenha

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.