Saiba por que Wilson Lima estica a corda no pescoço dos professores
Não dissemos tudo na matéria de ontem sobre uma possível cassação do governador Wilson Lima, caso ele continue atropelando a Lei de Responsabilidade Fiscal. A legislação é dura e prevê até prisões. Ainda não é o caso, mas infelizmente o governo utilizou a matéria publicada pelo Portal do Holanda e pelo site AM1 para justificar a impossibilidade de conceder o aumento de 15% reivindicado pelos professores. De fato, não pode conceder, na situação atual, mas pode lançar mão de dois recursos:
1- Reduzir em 50% o número de cargos comissionados, que hoje representa uma despesa com pessoal de R$ 40 milhões/mês, com forte impacto na LRF. A medida desafogaria a folha de pagamento e abriria espaço para uma negociação com a categoria.
O problema é que os cargos comissionados, em sua maioria, são ocupados, para usar uma expressão que se tornou comum esta semana, “pelos amigos dos amigos de meu pai”. Então não parece uma tarefa fácil para um governo amedrontado e refém de seus erros.
2- Lançar mão de um saldo de R$ 180 milhões do Fundeb, que a Seduc tem em caixa para dar um abono substancial aos professores.
Como se observa, o governo tem alternativas, mas prefere colocar a corda no pescoço e levar com ele para o cadafalso os professores.
Não parece o melhor caminho. A volta às aulas é uma imposição da sociedade, mas não coloca os professores como os caras maus. Na verdade são os mocinhos, lutando contra um governo sem rumo, sem história e perigosamente levando o estado para o abismo.
É hora de parar e refletir.
O secretário Alex Del Giglio, que tem um rico currículo, não pode ficar jogando com números que ele, como secretário de Fazenda, pode mudar. Esqueceu que se tornou a espinha dorsal e a alma desse governo. E que tem que tergiversar menos, agir mais e ajudar a resolver essa questão dos professores que, infelizmente, acabou em suas mãos, já que não há interlocução dentro da sede do governo.
ASSUNTOS: alex del giglio, greve, professores, sefaz, sineam, wilson lima
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.