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Sistema de saúde apodrece e favorece a corrupção no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

03/08/2020 22h16 — em
Bastidores da Política



O sistema de saúde no Amazonas apodreceu.  É o que se pode concluir de cada depoimento prestado  à CPI instaurada para apurar  um fator determinante: a compra  de ventiladores pulmonares. Mas ao puxar a linha de um novelo, que passa por diversos governos e cresce assustadoramente no atual, a comissão encontrou empresas fantasmas, pagamentos indevidos, desvios de medicamentos e, por extensão, óbitos que nunca serão admitidos como homicídios.

Não dá para estimar o montante do dinheiro que abastece o duto que deságua no bolso de agentes públicos e empresários inescrupulosos.

Por baixo, os desvios podem chegar a R$ 600 milhões/ano. Não é uma conta fechada -  é uma estimativa em razão da desorganização, do vale tudo, dos conluios, da falta de controle, das fraudes, inclusive no pagamentos de pessoal.

SENTADO SOBRE R$ 3,4 BILHÕES

Apesar do orçamento da saúde do Amazonas para este ano ser de R$ 3,4 bilhões ( eram R$ 2,6 bilhões), no inicio da pandemia de coronavírus, 2 de abril, o então secretário de Saúde,  Rodrigo Tobias, dava uma declaração no mínimo assustadora: “o nosso sistema de saúde é  limitado, não temos leitos de UTI suficientes para enfrentar uma pandemia”. Na verdade não faltava apenas  Utis. Faltava tudo: máscaras, álcool em gel, oxigênio, equipamento de proteção para médicos , enfermeiros, atendentes e  pessoal da limpeza,  apesar dos R$ 3,4 bilhões que o secretário, em tese, administrava.

CAMINHO DA CPI

A CPI  caminha para concluir que a saúde está morrendo e, como consequência, está matando   amazonenses à medida que não oferece as mínimas garantias de que, quem busca tratamento em um hospital público vai ser tratado com dignidade e voltar para casa  são e salvo.

Vai apontar fantasmas, empresas que superfaturaram serviços e não os ofereceram na medida do que cobravam  do Estado.

É possível que aponte nomes de empresários e políticos. Não será o fim do mundo, mas pode  ser um novo começo, do saúde zero para se chegar a uma saúde que trata o paciente com dignidade e preserva de fato  sua vida.

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ASSUNTOS: Amazonas, CGU, corrupçaão na saude, desvios na saude, fraude na saúde, MPF, PF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.