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Wilson rebaixa o vice, demite o melhor amigo, mas não resolve disputa de grupos pelo poder


Por Raimundo de Holanda

28/03/2019 16h38 — em
Bastidores da Política



A reforma administrativa do governador Wilson Lima foi marcada por pressões, oportunismo e queda de braço entre os grupos de interesse que tem como ativos o custo político da campanha eleitoral. Quem perdeu pode não ter o investimento recuperado.

A queda do segundo homem mais forte do governo - o assessor especial Marcelo Alex, sobre o qual recaia suspeita de atividade ilícita dentro da administração, se valendo da condição de amigo do governador - fortalece o grupo empresarial que declarou ter catapultado do estúdio de TV para a cadeira mais cobiçada do Estado um simples e humilde apresentador de Televisão.

Não está em curso uma nova fase onde a ética predominará sobre interesses não republicanos. Pelo contrário, abriu-se a porteira para todo tipo de negócio.

O mérito do secretário de Saúde, Carlos Almeida, rebaixado para a função de secretário da Casa Civil, foi não ter permitido, pelo menos até o limite possível, que esses grupos fizessem da secretaria uma casa de mãe Joana. Agora tudo pode acontecer.

Mas Carlos, ao ‘aceitar’ sair da Susam, dá provas de pouca vocação para a gestão pública. E que fracassou no desafio de tornar  o setor de saúde eficaz, humano, presente na vida de quem precisa.

É ilusório imaginar que Wilson, com as medidas anunciadas, tenha retomado  as rédeas de um governo que nunca foi dele. Tanto que as mudanças feitas nesta quinta-feira foram motivadas por  gestões dos grupos que se apoderaram do poder desde 1o de janeiro.

A ideia de não ter um retrato oficial do governador na sede do governo,  nem nas repartições  públicas - única iniciativa direta de Wilson nesses quase 100 dias de governo - é simbólica: mostra que o próprio governador  delegou a “terceiros”  a função de governar o Estado.

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ASSUNTOS: Amazonas, Carlos Almeida, Corrupção, Lava Jato, maus caminhos, MPF, wilson lima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.