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Detecção do câncer de bexiga é ainda mais desafiadora na pandemia

Por Portal Do Holanda

23/07/2020 11h14 — em
Saúde e Bem-estar


Foto: Reprodução

Desde o anúncio da pandemia de covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em março, houve redução de 70% no número de cirurgias relacionadas a tratamentos oncológicos, além de queda que varia entre 50% e 90%, dependendo do local, de análises de biópsias. Estima-se que ao menos 50 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer nos dois primeiros meses de pandemia. Os dados são de um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) junto aos principais serviços de referência do país, nas redes pública e privada.

A baixa pela procura dos serviços de saúde pode ser especialmente maléfica para o diagnóstico e tratamento do câncer de bexiga. Embora a doença apresente boas taxas de cura, sua detecção precoce é difícil, uma vez que, em fases iniciais, costuma apresentar sintomas sutis que geralmente são pouco valorizados pelo paciente, como a presença intermitente de sangue na urina. Apesar disso, é uma doença de rápida evolução. "A pandemia da Covid-19 impactou o diagnóstico desses pacientes, atrasando a confirmação da doença, bem como o início dos tratamentos indicados. Embora as diretrizes internacionais demonstrem fortemente que o tratamento de casos de câncer de bexiga não deveria ser postergado por conta da pandemia, observa-se um enorme atraso no diagnóstico por demora na realização de exames necessários, além da recusa dos pacientes a se submeterem ao tratamento cirúrgico com receio de contaminação pelo coronavirus", explica o Prof. Dr. Hamilton de Campos Zampolli, Chefe da Divisão de Urologia do Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho (ICAVC) e chefe de Clínica Urológica do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O médico afirma ainda que atrasos no diagnóstico e tratamento podem agravar o estadiamento do câncer - classificação que determina a localização e a extensão do tumor - fazendo com que casos potencialmente curáveis evoluam para doenças avançadas ou metastáticas (quando se espalham para outras partes do corpo), diminuindo a chance de cura.

A previsão é que a prevalência da doença seja de cerca de 10.640 brasileiros em 2020, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O câncer de bexiga representa mais de 90% de todos os tumores uroteliais e é considerado o décimo tipo de câncer mais comum no mundo, com aproximadamente 550 mil novos casos ao ano. No Brasil, é classificado como um dos tumores mais comuns do sistema urinário, ocupando sexta posição entre os mais incidentes em pessoas do sexo masculino. O câncer de bexiga é mais prevalente em homens em torno dos 65 anos e possui como principal fator de risco o tabagismo, que aumenta de 4 a 7 vezes a chance de desenvolvimento do problema.Entre os sinais mais comuns estão sangramento intermitente na urina, presente em 90% dos casos. Dor ao urinar e dor pélvica podem ocorrer em casos mais avançados.

Tratamento Personalizado

Em estágios iniciais, a terapia mais indicada é a cirurgia para extração do tumor e para os estágios mais avançados, a quimioterapia tem sido considerada o padrão de tratamento nos últimos trinta anos.

A expectativa de vida dos pacientes com câncer de bexiga localmente avançado é de 35% em cinco anos, segundo estudos. Caso a enfermidade evolua para a fase metastática, esse número cai para 5%9. Cerca de um em cada cinco pacientes com metástase tem uma alteração de FGFR.

"A personalização da medicina está entre as mais modernas abordagens no tratamento oncológico e consiste em oferecer terapias individualizadas de acordo com o perfil de cada paciente, que poderá ter grandes benefícios, após avaliação da expressão ou não de certos receptores, mutações ou marcadores moleculares", conclui o Dr. Hamilton.

O urologista reforça ainda que escolha do tratamento deverá ser feita sempre por um médico, que se baseará nas características do tumor e nas particularidades dos pacientes para determinar a melhor opção para cada indivíduo.


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ASSUNTOS: câncer, cancer de bexiga, cancer de bexiga tratamento, Saúde e Bem-estar

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