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'Mulheres não querem só sexo romântico', diz pioneira do pornô feminino

Por Portal Do Holanda

12/05/2018 11h47 — em
Famosos & TV


Foto: Divulgação

Cansada de assistir a filmes eróticos em que as mulheres estão a serviço do prazer masculino, a cineasta sueca Erika Lust resolveu fazer diferente. Em 2004, iniciou sua carreira na pornografia alternativa e, desde então, é uma referência no gênero para mulheres. Certa de que a chave para a mudança na indústria está em quem comanda o que acontece por trás das câmeras, Erika é uma das grandes incentivadoras de outras diretoras e produtoras de pornografia alternativa. Em 2016, convocou mulheres da indústria cinematográfica de vários países para apresentar projetos de filmes. Até hoje, já financiou mais de 24 curtas, com um investimento de quase € 500 mil.

A indústria pornô ainda é machista?

Sim. A grande maioria da pornografia produzida hoje é violenta e sexista. Ela é dominada por um certo tipo de olhar masculino com o mesmo ponto de vista sobre sexo: homens brancos obcecados por seios, extremidades, cigarros, carros, jovens. Só filmam sexo repetitivo, porque muitos têm uma inteligência sexual limitada e uma masculinidade tóxica. Eles representam as mulheres como um objeto de prazer e não conhecem sua sexualidade plenamente.

O que muda quando as mulheres estão atrás das câmeras?

Ajuda a romper com essa perspectiva masculina e heteronormativa. Na nossa empresa, temos mostrado que há demanda por pornografia com uma sexualidade diversa e criativa, sem deixar de lado as fantasias, sendo agradável para ambos os sexos. O que acontece por trás da câmera é a chave nessa indústria.

Para quem a pornografia feminista é dirigida?

Acredito que qualquer adulto que esteja cansado, sobrecarregado ou mesmo repugnado pela pornografia tradicional possa encontrar um mundo novo e maravilhoso dentro da alternativa que outros diretores e eu estamos criando; um mundo de que mulheres e homens desfrutam igualmente e onde não há clichês ultrapassados.

Como a pornografia ajuda a construir nossa sexualidade?

Em geral, ela retrata o ato sexual como algo que a mulher faz pelo homem, tudo gira em torno do prazer dele. A atual produção barata também é muito violenta e degradante para as mulheres, passando a representar o sexo como uma ferramenta de coerção. É absurdo pensar que essa mensagem e esses valores não influenciam sua perspectiva de sexo.

A pornografia feminista é mais dramatizada, com mais roteiro, e menos explícita?

Menos explícito, de jeito nenhum! Há um equívoco generalizado de que as mulheres só querem ver sexo romântico, delicado e gentil. Nada poderia estar mais distante da verdade. O sexo pode permanecer forte, excêntrico, intenso... mas os valores devem ser mantidos limpos. As pessoas podem praticar muitos tipos de sexo, e os diretores escolhem como trazê-los para a tela. No meu cinema, você não verá simulações de estupros, simulações de sexo com adolescentes ou qualquer tipo de coerção sexual.

Ainda há um tabu sobre a mulher a respeito de sexo explícito, masturbação e falar abertamente sobre isso. Como vê isso?

As mulheres sofrem todos os dias as consequências de uma sociedade que não aceita naturalmente o prazer feminino. A masturbação feminina continua tabu, desde que não seja enquadrada para satisfazer as fantasias masculinas. No entanto, as mulheres estão mudando sua atitude. O que uma vez nos envergonhou ou reprimiu agora nos dá força para responder. Mais e mais mulheres ousam dizer em voz alta “Sim, eu me masturbo” ou “Sim, eu gosto de assistir a pornografia”. Na era pós-Harvey Weinstein, de #MeToo e #Time’s Up, nós, mulheres, decidimos não nos calar ou nos intimidar com os ditames do patriarcado. Algo está mudando. E essa mudança também se refletiu no cinema adulto.

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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Pornô, porno feminino, porno para mulheres, Famosos & TV

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