Manaus já conta com um eficaz tratamento aos pacientes com espasticidade muscular (travamento do músculo), causada por uma lesão cerebral oumedular. Trata-se de uma medicação que tem a toxina botulínica como princípio ativo e possibilita que esses pacientes tenham uma melhora significativa nos sintomas já a partir da primeira aplicação.

A terapia com esse medicamento pode começar a ser utilizada assim que o paciente sair da situação crítica de uma lesão neurológica (no cérebro ou na medula), e em pessoas acometidas por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou por um trauma, como um acidente de trânsito, por exemplo, e apresentarem a espasticidade como uma sequela (travamento do músculo).

“O medicamento é aplicado no músculo que está enrijecido, relaxando a musculatura travada e diminuindo as chances de sequelas e melhorando os movimentos do paciente”, afirmou o médico neurologista, especialista na área de distúrbios de movimentos, Torben Cavalcante Bezerra.

O procedimento deve ser obrigatoriamente oferecido aos usuários de todos os planos de saúde que têm necessidade de aplicação, de acordo com determinação e regulamentação da Agência Nacional de Saúde (ANS).

O pico de ação do medicamento é no 15º dia após a aplicação, fazendo efeito por até três meses no corpo do paciente. “Esse procedimento é realmente um diferencial muito grande na qualidade de vida dessas pessoas, pois é muito comum que elas fiquem com a musculatura bastante travada após a lesão e a aplicação da dosagem correta pode reabilitar o músculo e o cérebro”, reafirmou Torben.

Nesses casos, a utilização da toxina botulínica nada tem a ver com os procedimentos realizados nas clínicas de estética. “A aplicação é sempre aliada ao uso de medicação, que varia de acordo com a necessidade de cada pessoa. Somente o médico especialista pode prescrever a dosagem ideal e ajustar a quantidade aplicada, que é feita de acordo com os resultados apresentados por cada organismo”, acrescentou.

Outra importante funcionalidade do medicamento é no tratamento de enxaqueca: “Podemos afirmar que o uso da toxina botulínica pode ser usada em pacientes com enxaqueca crônica que não melhora com o tratamento via oral. Com isso, a toxina torna-se uma opção para o controle da doença, que é muito comum e deixa os pacientes incapacitados, gerando prejuízo profissional e pessoal”. De acordo com o especialista, os pacientes ainda são vítimas de muito preconceito, visto que as pessoas pensam que é uma dor de cabeça qualquer, o que retarda a busca por um neurologista e um tratamento adequado.

A Distonia, que é uma doença neurológica causada por contrações musculares involuntárias que geram posturas anormais e o Espasmo hemifacial, que é a contração muscular involuntária dos músculos da face por disfunção do nervo facial, também são males com indicação para aplicação da toxina.